Com o título “Testemunho Cristão em um mundo multi-religioso”, o texto
relaciona recomendações de conduta no dia a dia da missão cristã.
Logo no princípio, são estabelecidas algumas bases. Os representantes
das entidades envolvidas na produção do documento afirmam que “fazer
missões é parte da própria natureza da igreja”, que “proclamar a Palavra de
Deus e dar testemunho para o mundo é essencial para todo cristão”, mas
também que “é necessário fazer isto de acordo com os princípios do
Evangelho, com verdadeiro respeito e amor por todos os seres
humanos”. Conscientes das tensões entre as pessoas e comunidades
de diferentes convicções religiosas e variadas interpretações do
testemunho cristão, eles buscaram relacionar conselhos práticos, sem
pretensões teológicas ou missiológicas.
O objetivo maior foi “encorajar igrejas, concílios eclesiásticos e
agências missionárias a refletirem sobre suas práticas atuais” e
tornar a evangelização mais eficaz, já que Jesus defende a mansidão,
domínio próprio e respeito mutuo. Para tal, o grupo propõe usar as
recomendações do documento, a fim de estabelecer, quando necessário,
“seus próprios manuais de orientação para seu testemunho e ação
missionária entre pessoas de outras religiões ou sem nenhuma”.
Entre os conselhos listados no documento, estão:
1. Ao testemunhar, fazê-lo “com mansidão e respeito”.
(I Pedro 3:15 - “Antes santificai a Cristo como Senhor, em vossos corações;
e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a
qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós)
2. Juntar à palavra a ação do amor e do serviço, seguindo o modelo de Jesus
(João 18:37).
3. O que deve guiar a missão cristã é o exemplo e o ensino de Jesus e da
igreja primitiva (Lucas 4:16-20).
4. Com sabedoria, estabelecer diálogo com pessoas de diferentes
religiões e culturas (Atos 17:22-28).
5. Saber que “em alguns contextos, viver e proclamar o evangelho é
difícil, prejudicial ou mesmo proibido”, mas estar ciente de que os
cristãos “são comissionados por Cristo para continuar fielmente, em
solidariedade uns com os outros, no seu testemunho” (Mateus 28:19-20,
Marcos 16:14-18, Lucas 24:44-48, João 20:21, Atos 1:8).
6. Se alguns cristãos usarem métodos inadequados de missão
manipulando, constrangendo ou obrigando as pessoas a fazerem o
que não querem, lembrar do arrependimento e de nossa necessidade
contínua da graça de Deus (Romanos 3:23).
7. Cristãos devem testemunhar, mas sabendo que a conversão é obra
do Espírito Santo. (João 16:7-9; Atos 10:44-47; João 3:8).
Também são princípios importantes a serem vivenciados:
1. Viver e testemunhar em amor e amar o próximo como a si mesmo
(Mateus 22:34-40; João 14:15);
2. Imitar a Cristo, dando glórias a Deus e dependendo do poder do
Espírito (João 20:21-23);
3. Integridade, caridade, compaixão e humildade para superar toda a
arrogância, condescendência e desprezo (Gálatas 5:22);
4. Servir e praticar a justiça (Miquéias 6:8; Mateus 25:45), sabendo
que prover educação, saúde, alívio da dor, e defesa de direitos
são partes integrantes do testemunho do Evangelho. Mas sem explorar
situações de pobreza e necessidade, pois isso “não tem lugar na abordagem
cristã”. Os cristãos devem denunciar tal prática e parar de tentar seduzir
com incentivos financeiros e recompensas.
5. Ter discernimento no ministério da cura, mesmo sendo este parte integral
do testemunho. Respeitar a dignidade humana e nunca se aproveitar
dos vulneráveis e suas necessidades.
6. Rejeitar toda forma de violência, seja psicológica ou social, incluindo o
abuso de poder, discriminação injusta ou repressão por qualquer
autoridade religiosa ou secular, incluindo a violação ou destruição de locais
de culto, símbolos sagrados ou textos.
7. Defender a liberdade de religião e crença. “Liberdade religiosa, incluindo o
direito de professar publicamente, praticar, propagar e mudar de religião
deriva da própria dignidade da pessoa humana que se baseia na criação de
todos os seres humanos à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26).
Assim, todos os seres humanos têm direitos e deveres iguais. Onde
qualquer religião é instrumentalizada para fins políticos, ou onde a
perseguição religiosa ocorre, os cristãos são chamados a participar
de um testemunho profético denunciando tais ações”.
8. Respeitar; ouvir; compreender; construir relacionamentos de confiança
com pessoas de outras religiões, especialmente no nível institucional;
engajar-se no diálogo inter-religioso como parte de seu compromisso
cristão, na busca de solução de conflitos e reconciliação; cooperar com
outras comunidades religiosas nas ações pelo bem comum e a justiça.
9. Fortalecer a própria identidade religiosa cristã e sua fé, embora estando
aberto a conhecer e compreender as diferenças religiosas.
10. Manifestar-se diante dos governantes pela liberdade de crença e religião.
11. Orar pelo próximo e seu bem estar.
Fonte: CPAD News